sábado, 14 de julho de 2007

Os meus queridos alunos do 12 F - turma de artes


Convidaram-me para jantar. Eu estava fulo com eles, pois os resultados no exame nacional não foram aquilo que eu estava à espera... À sobremesa, pensei eu, vou ter oportunidade de dizer umas palavras e, então, vou dizer-lhes umas verdades.

Em conversa com o Tapadinhas, dias antes, eu fiquei desconcertado quando ouvi "professor, eu só precisava de cinco, vou poder candidatar-me!". A Joana, não... estava desiludida com ela própria, e sentiu o peso de não ter conseguido a nota que estava ao seu alcance - independentemente da média! A Sara Oliveira e a Mafalda, apesar de achar que podiam ter ido mais longe, salvaram a "honra do Convento". A Rute Morais, a poetisa da turma, estava "abatida", pois as musas deram lugar ao destino inexorável que a conduziram "à humilhação"!

Enfim, hoje à sobremesa seria a hora para descarregar a minha "fúria"...

Comidos e bebidos, escrevi uma frase no livro de anos que a turma acabava de oferecer ao Pedro. Quando ditava para a minha mente as palavras que de seguida iria despejar, a Sara O. tira de um saco um livro e, após algumas palavras que nem ouvi (pois as minhas ocupavam todo o espaço da mente...), entregou-me um álbum fotográfico anotado e com dedicatória para o professor "agora que chegou a altura de deixar as suas "jóias" saírem da joalharia e seguirem os seus caminhos".

Rendi-me... Eu que sou tão exigente e racional derreti-me... A felicidade de um ano terminado invadia-lhes o rosto, estavam alegres e, afinal, foi sempre isso que eu tinha desejado para eles... e veio-me à mente aquela expressão tão humana de Sebastião da Gama: "O que eu quero é que vivam felizes"

É isso - que a vida não lhes seja "madrastra" e, se o for, que tenham aprendido a dar-lhe a volta - por cima!

terça-feira, 10 de julho de 2007

Alunos-professores

Nestes dias tenho participado na minha Escola numa acção de formação, acreditada pelo Centro de Formação de Professores Arrábida, sobre a Plataforma Moodle, tendo em vista a sua utilização na gestão das actividades de ensino-aprendizagem.

Participamos aproximadamente 30 professores das mais variadas disciplinas e com um nível de conhecimentos em TIC muito diferenciado.

Ao rever-me numa das minhas muitas aulas, agora com a pele de aluno, verifico que o insucesso dos alunos pode repetir-se da mesma forma em nós como alunos-professores. O sistema viciado repete-se. Eu explico:

A cada uma das indicações dadas pelo Professor-monitor as reacções dos alunos-professores não é simultânea, pois como já se disse o nível de conhecimentos em TIC é muito diferenciado entre eles. Assim, os professores mais "entendidos" avançam e progridem, procurando mesmo que o Professor-monitor esclareça novas dúvidas que já se lhes põem, enquanto os outros alunos-professores ficam "parados", pois não conseguiram sequer avançar do ponto em que se encontravam. Assim, os professores "expert", sem terem consciência disso, acabam por criar um ambiente desfavorável àqueles que precisam mais de apoio.

O Professor-monitor bem tenta de diversas formas mostrar a estes professores-alunos que devem seguir o ritmo dos mais "lentos" que ele próprio procura privilegiar, prestando-lhes uma ajuda pontual mas...

Há professores-alunos que, assim, se desmotivam e a sua atitude é exactamente a mesma que a dos nossos alunos na sala de aula: preferem calar-se ou queixar-se da sua "falta de jeito", deixando instalar-se neles uma desmotivação crescente.

Quanto ao Professor-monitor, tal como nós professores em sala de aula, acaba por sofrer uma pressão desgastante que seria evitável se cada um dos seus alunos-professores fosse mais disciplinado, tal como pedimos aos nossos alunos: executar apenas aquilo que lhe foi indicado, ajudar o colega do lado com espírito solidário e disciplinadamente, fazer silêncio e levantar o braço quando precise de ajuda do Professor-monitor e desligar o telemóvel, pois não se pode estar em mais que um lado ao mesmo tempo.