sábado, 12 de julho de 2008

"Os filhos da minha filha meus filhos são... Os filhos da minha nora ou serão ou não!" - Ditado popular

Hoje fui à praia... No autocarro seguiam dois "senhores" mais novos do que eu. Um deles gabava-se do "grande feito" de sua mãe nunca ter aturado os netos, filhos da sua nora... e ali afiançava que iria fazer o mesmo! "Afinal ela não me é nada", dizia!

Ninguém diga que de esta água não beberá, pois, em conversa com a avó dos meus netos, verificámos que o ditado se encontra bem documentado na "nossa história". Também anotámos algumas excepções... de avós "excepcionais".


Mas que vêm estas reflexões ao caso? Vêm e muito!


Porque no próximo dia 26 de Julho, é dia dos avós... Dos meus três netos, portanto, e repito três e não um + dois, ou talvez!


Eu só tive uma avó... a mãe do meu pai que perdeu o seu ainda novo! A minha mãe não teve mãe a partir dos três anos e perdeu o pai alguns anos depois... Na segunda década do século vinte, a "pneumómica" fez os seus estragos... Já mo lembrou a minha mãe e agora lembro-o eu.


Portanto, só conheci a avó "Inécia". E dela só registo uma imagem: sentada à soleira da porta nos fins da tarde quando o sol já se escondia por detrás do Outeiro e o borburinho da aldeia ainda andava pelas hortas da Fosseirinha, da Forga da Boa e do Gamual. A minha avó era toda a povoação e eu com ela. Teria os meus três anos? Quatro... não mais. E vivia aquela serenidade naquele rosto onde o tempo cinzelou marcas de eternidade!

Vejam bem... o seu queixo não é o meu?




Quando o meu Francisco, o meu João e o meu Artur me virem daqui a alguns anos sentado na varanda da Maljoga, que vejam em mim a serenidade e a paz que eu ainda vejo na avó Inécia...


Que a minha nora e a minha filha, o meu genro e o meu filho respirem o mesmo ar que eu e a Vida será mais fácil para todos!
A avó dos meus netos está aqui ao lado a dizer que sim!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Também vi provas de Português do 12.º ano - 1.ª fase de 2008

... e Camões ficou triste, mais triste ainda! Dizia o meu professor de Cultura Clássica (já lá vão trinta anos...) que Camões é prazer para alguns (os leitores que fazem por merecê-lo) e desprazer para a maioria que não ultrapassa aquela "apagada e vil tristeza" em que mergulha em cada dia.

"Honesto estudo"? Qual quê!

Prontifiquei-me a apoiar os meus alunos (uma dezena) que, sendo de Cursos Tecnológicos e portanto não sujeitos àqueles exames para conclusão dos respectivos cursos, os deviam fazer para se poderem candidatar ao ensino superior.

As sessões foram marcadas para o período não lectivo que antecede os exames. O tempo esteve fresco, pouco convidativo para a praia...

Vêm todos! - pensei.

Qual quê! Apareceu a Sofia que reviu a matéria ministrada durante o ano e fez os exames já aplicados nos anos anteriores (quatro ao todo...). Mas a Sofia era a que menos precisava, se atendermos à classificação interna final - 17 valores.

Saiu Camões... e parte do texto até tinha sido lido em aula. Tive curiosidade e fui ver os sumários. A essa aula vários alunos dos candidatos tinham faltado... Afinal só o professor e a Sofia é que nunca faltaram ao longo do ano. Teve 14 valores no exame nacional.

Parabéns, Sofia, pela tua nota no exame! Os outros que continuem a viver a sua "apagada e vil tristeza"... até que a "Vida" os corrija, se ela, de ignorante, lhes favorecer alguma entrada.

... Para o Ministério da Educação eu também fui a causa do insucesso. Nem era de esperar outra coisa de "senhores" que tão pouco prezam as Letras e o bom-senso quando as pronunciam!