Ontem, cumpri a minha última sala de professores como professor no activo.
Entrei, com os professores do primeiro turno da manhã, às 8.15, para a minha última aula com o 9.º. É uma turma "singular": 21 alunos no total, dos quais cinco estão sinalizados como sujeitos a P.E.I.; três outros alunos ficaram retidos no 9.º ano transacto. Despedi-me deles a falar sobre Gil Vicente e o seu teatro. "À barca, à barca, que temos gentil maré"... mas eu já a preparar a minha barca que, hoje, largou para outros rumos, outros portos, novas marés...
Depois fiz "sala de professores" até às 13.30 para me despedir de uma das minhas turmas do 10.º ano, uma turma do Curso Profissional Técnico, que me garantiu, na aula de apresentação, que lhe tinha sido dito que os alunos dos cursos profissionais não tinham de comprar / usar material de trabalho a Português. Lá lhes fui lembrando, que profissional sem instrumentos de trabalho que saiba utilizar nunca poderá aspirar a um trabalho condigno... Um "gozão" também me foi lembrando que o que ele mais desejava era "emprego" e não trabalho e, por solicitação minha, uma vez que se recusava a passar o sumário, fez a seguinte declaração que me entregou, com solenidade, no fim da aula: "Eu, segue-se o nome que omito, não passo nem o número das lições, nem a data, nem os sumários, visto que estes componentes não são nem estão no módulo e não são matéria e vão corromper o meu estudo" (sic). Foi uma aula má, conflituosa, penosa para o professor e alguns alunos. Sebastião da Gama, patrono da escola, me valha e me perdoe, mas deixei a turma aliviado.
Fiz novamente "sala dos professores" até às 17 horas, para dar a minha última aula (também a uma turma do curso profissional técnico) com que terminei a minha actividade como professor no activo. Lemos textos de cariz autobiográfico e anotámos as suas características. Ao terminar a aula, informei-os de que aquela era a minha última aula como professor, momento que eles sabiam que, mais tarde ou mais cedo, iria acontecer. Por momentos o silêncio caiu sobre a sala para, depois, um dos alunos me saudar com uma salva de palmas no que foi seguido pelos restantes. Agradeci-lhes emocionado.
Pelas 19.00 horas passei pelo Conselho Executivo para me despedir, oficialmente, da Escola.
Uma surpresa, contudo, ainda me estava reservada para este dia: os meus colegas do grupo disciplinar de Português e Francês ofereceram-me, (a mim e à colega Ofélia, anteriormente reformada), num dos restaurantes da cidade, um "jantar de homenagem", mas não de despedida sublinharam. Disseram palavras muito bonitas que me sensibilizaram imenso. Contudo, o que mais me tocou foi ver todos os colegas presentes, apesar de todos os esforços (intimidativos mesmo...) que, no ano transacto, foram feitos para nos separar.
Voltarei à sala de professores da Escola onde leccionei durante três décadas?
Não sei. Contudo, ficarei por aqui (atento a todos) com a disponibilidade que o meu "novo estado" me for permitindo.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
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2 comentários:
Parabéns pela aposentação ... agora é disfrutar deste novo estado com serenidade e alegria pelo que já fez e pelo que ainda pode vir a fazer. Estar reformado não é estar desligado da vida nem tao pouco é um estado civil portanto ... é gozar esta nova etapa que ai vem. Boa REFORMA!
Ah ... este comentário deixado anteriormente é da minha parte:
Sobrinha Neta Sofia
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